O intuito principal desse trabalho é explorar a ideia de reiteração versus  diferença.

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Na gravura, a ideia das tiragens múltiplas é normalmente acompanhada de uma repetição impecável – uma imagem deve ser igual à outra. Porém, nesses trabalhos, a repetição do gesto faz com que, no interior dele, surjam diferenças, ausências de procedimentos padrões e mínimos desajustes.

 

Ir contra esses ideais acerca da impressão foi, na verdade, uma maneira que encontrei de responder ao tecnicismo que domina o mundo contemporâneo, preferindo dar margem aquilo que não é considerado correto/padrão, acreditando assim afirmar um modo de operar mais suscetível e imprevisto, mais humano.

 

Além disso, na minha procura por aproximações e afirmações dos meios expressivos, foi a primeira vez em que relacionei literalmente a gravura e a pintura – se antes minhas gravuras apresentavam qualidades pictóricas, nessa série elas se imbricam de fato: as xilogravuras são impressas sobre papel Kozo, coladas sobre a tela e sobrepostas por tinta a óleo; ora cobrindo toda a superfície sem quase deixar rastro da presença gráfica, ora cobrindo partes e deixando visível o aspecto inconfundível do veio da madeira.

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Gisela Gueiros, setembro 2019